domingo, fevereiro 11, 2007

SurfPortugal # 169, Fevereiro 2007








Sedução Aquática

O olhar divergente de Paulo Nicolau

Posto de maneira simples: a revolução digital está para a fotografia de surf como o tow-in está para o surf de ondas grandes. Tal como este último revelou uma data de "big riders" que nunca o foram (e nem o seriam) antes de aparecerem as motas de água, também a fotografia digital abriu as portas para dezenas de "fotógrafos" com a mesma sensibilidade de um cobrador de impostos numa exposição de arte abstracta. Não é o caso de Paulo Nicolau, ou Nico, como prefere ser chamado. Este longboarder lisboeta de 35 anos começou a fotografar (e continua a fazê-lo, diga-se de passagem) por mera brincadeira, mas desde o início acusou uma sensibilidade muito própria. Se a sua técnica não é a mais apurada, se os conhecimentos que revela sobre fotografia estão longe de ser profundos, se o equipamento que utiliza é de algum modo limitado, Nico possui aquilo que falta a tanta gente que preenche todos os requisitos acima enunciados: a originalidade do olhar, a capacidade de ler pormenores, a atenção para além do óbvio. AS suas imagens não são fotos de surf convencionais (embora também goste de as fazer, para deleite pessoal). A luz que procura, os momentos que capta e os sítios para onde aponta as suas lentes põem-no numa categoria de fotografia à parte daquela que se estipulou chamar “de surf”. O seu trabalho denota, acima de tudo, uma pureza de intenções quase infantil na sua inocência, a fotografia como forma de revelação de uma nova realidade que a natureza fugidia das imagens em movimento não permite absorver, encontrando nas ondas e nos elementos que rodeiam o mar algo mais do que a sua evidência estética. Cada um dos seus “detalhes praisagísticos”, como lhes chama, contêm em si todo o universo que nos encanta, hipnotiza, seduz, e que, ultimamente, nos obriga a regressar continuamente a esse lugar de todas as contemplações que é o oceano.
Ao contrário do célebre credo índio, a fotografia de Paulo Nicolau não aprisiona a alma daquilo que é fotografado. Pelo contrário, liberta a de quem para elas olha.




Agradecimento eterno ao grande amigo Ricardo Miguel
( para ver o seu trabalho:
pois sem a brincadeira com a maquina fotográfica dele
provavelmente nenhuma destas fotos existia ...

5 Comments:

Anonymous Anónimo said...

My friend...
Mais importante do que te pegar o bichinho, é tu desse gosto pela fotografia conseguires tirar todo o proveito, evoluires e alcançar resultados.
É sem duvida um orgulho ter um amigo que tem fotos publicadas na SP, prova disso é que ela já cá canta e faço questão de a mostrar a toda a gente.
Obrigado pela dedicatória
:)
Mega abraço
Keep going on...

1:22 da manhã  
Blogger Pedro Ferro said...

Já há uns tempos que sou costumeiro na visita ao teu blog. Fiquei contente quando vi aparecer as tuas fotos por entre as restantes páginas da SurfPortugal... Muitos parabéns! Espero que tenha sido apenas o arranque para a divulgação do teu génio...

Pedro Ferro
http://almasalgada.blogspot.com

12:59 da manhã  
Blogger quebracoco said...

Boas!

Por mero acaso comprei a SurfPortugal e por acaso nas primeiras páginas que folhei deparei-me com as fotografias do Nico...Reconheci logo! Não foi preciso ler o que quer que fosse...Excelente!
Parabéns pela publicação!

11:46 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Fabulosas (todas)!!!!

Aquele autógrafo na SP, k te tive de arrancar a ferros, ainda vai dar uma fortuna :p

5:55 da tarde  
Blogger Aninhas said...

Obrigada pelos parabéns :) e já agora, porque ainda não tive oportunidade de te dizer, parabéns também para ti!
Deves estar inchado de orgulho (não é para menos)! Conta lá quantos exemplares é que guardaste para a posteridade? ;)
PARABÉNS MESMO!!!
Beijinho

11:23 da manhã  

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